Errar é Humano… (A propósito do vídeo árbitro)

Errar é Humano… (A propósito do vídeo árbitro)

Foi falta, penalti, agressão ou mesmo golo eo árbitro não viu?Merecia um amarelo ou vermelho? Ouviu ou não os imprompérios ditos mesmo na sua frente?Será isto erro ou omissão? Ou será que foi premeditado? 

Todas estas dúvidas assolam de imediato a mente dos adeptos e permite que a imprensa desportiva sobreviva, regozijando-se em inúmeros e incalculáveis debates durante a semana seguinte a um jogo de futebol.

A resposta a todas estas questões é mais simples do que imagina e na maior parte das vezes não tem assim tantos motivos nem tantas fantasias, errar é humano e faz de nós, homens e mulheres, uma espécie evoluída.

Compreender os mecanismos de funcionamento do cérebro e a mente humana é primordial para que possamos dar o passo em frente do ponto de vista da qualidade do desempenho de um decisor ou árbitro de futebol.

Só não erra quem não tem de tomar decisões. E nesta matéria, nunca em tempo algum houve tantos estudos a comprovar esta premissa tão badalado que até passa por cliché, que não o é, e só não se torna banal o seu dizer, pela importância que toma em todos os processos e momentos de um jogo de futebol e pelas consequências que tem para todos os agentes intervenientes, sejam eles, os próprios árbitros, jogadores, equipa técnica e adeptos.

A neurociência aplicada tem ajudado milhares de estudiosos a compreender os fenómenos por detrás dos processos de tomada de decisão e como esses mesmos fenómenos condicionam as decisões, sob o ponto de vista neurofisiológico, limitando o poder crítico, consciente e racional a ponto de nem sequer o próprio decisor estar consciente do “erro”, na análise de uma jogada.

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Vários estudos realizados, ajudam-nos a compreender e aceitar esta limitação que nos torna humanos e que nos permitiu sobreviver enquanto espécie. Compreender que o ser humano tem uma memória seletiva e que quando estamos extremamente focados num lance ou numa jogada, perdemos a capacidade de observação periférica da situação, ajudará a entender o porquê da importância do vídeo árbitro e de todos os instrumentos de apoio baseados na ciência e na tecnologia, em qualquer modalidade desportiva, facilitando o processo de tomada de decisão dos árbitros, que requer decisões rápidas e fidedignas.

Outro fenómeno interessante de observar tem que ver com as consequências do enorme stress a que os árbitros são sujeitos e que faz com que um dos principais neurotransmissores segregados pelo cérebro, o cortisol, seja responsável por erros grosseiros motivados pela perca de capacidades motoras e cognitivas. A par disso poderia referir também, porque você e todos nós já passamos por isso, o multitasking no processo de tomada de decisão é condicionante suficientemente forte para causar desempenhos de atuação fracos e medíocres.

E por tudo o que mencionei anteriormente, faz sentido criar condições ao nível dos instrumentos auxiliares de tomada de decisão mais científicos, mais fiéis e mais justos para quem paga o fenómeno desportivo, os adeptos, simpatizantes e público em geral. Faz ainda sentido realizar formação em áreas tão estratégicas como neurocomunicação, neurocoaching e neuroliderança como parte de uma solução global, que fomente o desempenho de excelência dos decisores e líderes.

Além de tudo isso, os próprios intervenientes do jogo, jogadores e equipa técnica poderão concentrar-se mais nas suas responsabilidade, deixando de imputar responsabilidades dos seus problemas e fracassos aos árbitros, o que por sua faz os tornará mais competentes no desempenho das suas funções.

Em suma, compreender as limitações do cérebro humano, encontrar meios e métodos de o estimular e exercitar em contexto formativo e real de trabalho é algo crítico, de importância vital para o desempenho dos árbitros e líderes desportivos.

E se a par disso pensarmos em todas as mais valias de decisões mais certadas, justas e equilibradas, então imaginará o quão interessante começara a ser voltar a ver futebol ou assistir a qualquer outra modalidade desportiva, sabendo que no final, a justiça ou não de um jogo dependerá da competência única e exclusiva dos jogadores e das suas equipas.

“O futuro é construído pelas nossas decisões diárias, inconstantes e mutáveis, e cada evento influencia todos os outros.”

- Alvin Tofller

Heitor Fox

Neurocoach/Trainer

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